sábado, 17 de julho de 2010

CARTA ABERTA

Minha doce derrota.
Aos meus familiares, amig@s, companheir@s de luta e ao povo do Amapá,
Ao escolhermos nosso caminho para seguir nessa eleição, além de nossas convicções, sabíamos dos riscos e incompreensões que enfrentaríamos em uma aliança com “diferentes”, mas diante de tantas dificuldades e da dramática situação por que passa nosso estado e nosso povo, esse caminho mais do que justificável, tornou-se necessário e empolgante. O apoio de nossas bases em todos os municípios, lugares, segmentos e o aceno positivo de nossa direção nacional, nos davam cada vez mais clareza que esse era o passo certo a ser seguido.  
Infelizmente não tivemos êxito, não pelo PTB/AP, tampouco por Lucas Barreto, aliás, quero aqui fazer o meu agradecimento ao Lucas, ele também nos surpreendeu positivamente, pela forma como conduziu nosso enlace político- eleitoral primeiro porque nos tratou com respeito político, mas também porque soube ouvir, ser flexível e sustentar suas teses dentro do legítimo território da política. O que impediu nossa aliança foi à disputa interna, nefasta e impregnada nos partidos e algumas lideranças da esquerda, que colocam essa disputa acima das dores e das necessidades do povo.
Nessa nova cena tive que abrir mão de minha candidatura a deputado federal pelo PSOL/AP e por essa posição entendo que devo alguns esclarecimentos. É por isso que escrevo.
Nesses últimos dias, vivi junto com muitos companheiros momentos de muita angústia (pelas disputas internas em relação à coligação), mas também de enorme satisfação, nesses dias de pré-campanha a deputado federal. Confesso que vivencio minha melhor fase política e eleitoral, fruto da nossa organização em quase todos os municípios, da nossa inserção nos movimentos sociais, das nossas experiências acumuladas e divididas no dia-a-dia de nossa militância, e do reconhecimento do nosso mandato de vereador em Macapá, entre outras coisas. Isso torna a retirada da candidatura um pouco mais dolorosa, mas também me enche de orgulho, uma espécie de doce derrota.
Foram dias gratificantes, de muitas declarações de apoio e voto que eu não poderei mais conferir, mas, sobretudo de muito carinho e confiança que ainda permanecerão em mim. Isso não tem preço, mas pra mim tem muito valor!
Foram essas demonstrações de confiança e incentivo que me colocam a responsabilidade de não abandonar a luta política com lado na sociedade, o lado do povo, prioritariamente dos desprotegidos e dos mais carentes, (de política e esperança, inclusive), pois a vida é muito mais difícil sem ambas.
Confesso também, que ainda estou mareado pelo peso da decisão que em última análise cassou minha candidatura, sem que eu devesse nada nem a justiça, nem aos procedimentos partidários, tampouco seja um ficha suja. Às vezes me sinto como se abatido em pleno vôo. Pra me confortar, minha mãe me disse hoje, pra eu não me abater, que tudo que Deus faz é perfeito, e eu também acredito, muito embora as coisas por aqui estejam muito fora do esquadro. Vamos lá! - “Fé na vida, fé no que virá”.
Adiamos um projeto, já engatamos outro, eleger Randolfe Rodrigues, senador da República, pelo Amapá.
Lutei com todas as minhas forças e minha convicção, não deu! Não serei candidato a deputado federal, pelo menos nessa eleição, como diz aquela canção “Índio perdeu, mas lutou que eu vi!”, no entanto, já me considero recompensado, é por isso que escrevo também, para agradecer imensamente, menos pelos votos que não chegarei a conferir, mas muito, muito mais, pelo carinho, demonstrações de respeito, admiração e confiança que recebi nos últimos dias. Valeu demais!
Continuarei nosso mandato de vereador de Macapá, muito mais orgulhoso e empenhado ainda, obrigado mesmo! Até a vitória sempre!
Clécio Luís – Vereador de Macapá

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