quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O PADRÃO GLOBO DE JORNALISMO

Parei para assistir ontem, na TV Brasil, o Programa Observatório da Imprensa, que na oportunidade entrevistou o editor chefe e apresentador do Jornal Nacional Wilian Bonner. Uma verdadeira aula de jornalismo e exemplo de um misto de simplicidade, talento e competência. Ao completar 40 anos no ar, o JN tem se firmado como o telejornal mais completo em termos de conteúdo e credibilidade. “Aqui não temos lugar para abobrinhas...” dispara Bonner: O JN pode ser resumido na primeira página de um impresso, porém o diferencial está na a maneira de como se produz a matéria com destaque no factual, com as informações mais precisas que nem um outro veiculo já tenha dado sobre aquela notícia. Outro fator que me chama a atenção na entrevista de Bonner é com relação aos profissionais de imprensa que atuam em todo o Páis. Segundo Bonner, os jornalistas se deixam levar pela emoção e por linhas editoriais que não contribuem com a informação para o telespectador. O editor se mostra preocupado também com a qualidade das Faculdades de Jornalismo e comenta: “O ideal era que as faculdades formassem um profissional com domínio das tecnologias de uma redação, mas ocorre o contrário. Elas formam profissionais sem qualquer domínio”. A declaração de Bonner tem a ver com a grade curricular dos Cursos de Jornalismo Brasil a fora. Embora haja boa vontade por parte dos coordenadores dos cursos, a falta de laboratórios, equipamentos e profissionais para monitoração de aulas praticas ainda são muito freqüentes. Existem Instituições com professores de telejornalismo, por exemplo, que não assistem TV, não sabem editar, filmar e só aplicam aulas se tiverem por perto um notebook com as aulas escritas. Ou seja, ficaria difícil um educador com este perfil passar algum de formação, profissionalismo ou experiência para o acadêmico que pretende encarar o mercado de trabalho. Quanto a equipamentos e monitores, conheci este ano, uma Faculdade aqui do Norte, que trabalha com equipamentos ultrapassados, programas de computador para edição piratas, e instrutores que sequer sabem fazer um enquadramento ou o foco de uma câmera de estúdio. Durante a entrevista do jovem jornalista Willian Bonner, pude então entender porque o padrão globo de jornalismo ainda é um dos mais copiado do País. Não é a toa que emissoras brasileiras travam uma “guerra” diariamente para tentar ofuscar o brilho dos grandes profissionais que atuam por ali. Um padrão muito longe da realidade das redações de telejornais e emissoras de rádio da Capital do Meio do Mundo. Aqui o que se vê é uma “farra” de absurdos exibidos diariamente. Uma expetacularização da vida cotidiana, sem pudor, sem responsabilidade, sem qualquer profissionalismo. Ainda prevalece a constante do Q.I. (quem indica), colocando no mercado rostinhos de moças bonitas ou garotos com “sensibilidade aguçada”, ocupando o lugar e deixando de fora profissionais preparados para estar em atividade. O resultado é uma catástrofe comunicacional: erros grotescos, interpretação de textos errados, sem dicção, sem postação de voz, nervosismo, sem habilidades para transmissão ao vivo, sem conteúdos para debater assuntos de interesse público.... e por aí a fora. Quanto aos Programas de cunho jornalístico, poucos mantém profissionais à altura, a maioria utiliza-se do mercado do “horário comprado” apenas com o propósito de obter influência nas administrações e na sociedade, satisfação pessoal (aquela para dizer: olha, eu to no rádio), sem contar em tantos que utilizam o horário nobre do rádio ou da TV pra falar de novela, do bloco X ou Y, com um amadorismo que deixaria qualquer jornalista que cobre sociedade “morto de vergonha”. Aproveito para me congratular com os profissionais do mercado e acadêmicos de Comunicação da Seama, Faculdade onde estou concluindo o curso de CS. Aqui há um esforço tão grande dos colegas e de professores que se empenham o máximo para não colocar no mercado profissionais com estas características que citamos neste artigo. A formação é fundamental para o exercício desta profissão. Jamais um “aventureiro” do jornalismo vai estar em pé de igualdade com aqueles que passaram pela academia, estudaram as técnicas, as terias da comunicação, sujeitos, ética profissional e ensinamentos repassados por professores, mestres e doutores. “É só com a leitura, só lendo tudo o que está em nossa volta que um profissional de jornalismo poderá almejar um lugar numa redação de um veiculo que prese pela seriedade da noticia”, destaca Willian Bonner. Espero que com esta humilde opinião retratada neste artigo, eu possa ter mexido com a cabeça dos nossos profissionais de Imprensa, formados ou não, é preciso que se faça uma ampla reciclagem na maioria destes “formadores” de opinião. E como diria a frase de Alberto Deniz, do Observatório da Imprensa: “quando você assiste ao observatório, você jamais vai ler um jornal como lia antes”. Portanto, espero que a partir deste artigo e com as experiências do colega Willian Bonner, que você repense seus conceitos como profissional da comunicação e não seja como antes. Que tal começar lendo um livro do Claudio Abramo, Clovis Rossi....???


PS. Willian Bonner doou os direitos autorais e parte da renda obtida com a venda do livro “JN 40 anos” para a E.C.A. – Escola de Comunicação e Artes-SP, Instituição onde ele formou-se em Jornalismo.

Nenhum comentário: